A Conversão de Rimbaud em Seu Leito de Morte
outono de 1891
"A vida está em outro lugar" ― Arthur jovem em seus diários, um mês antes de deixar a fazenda de sua mãe pela primeira vez.
Arthur Rimbaud, em seu leito de morte, se converteu ao Cristianismo que tanto desprezava ― abrindo um novo precedente para viver a vida ao máximo.
Rimbaud foi o segundo filho de quatro de uma filha de fazendeiros vivendo na França rural. Aos dezesseis anos de idade, ele fugiu para viver nas ruas de Paris, escrevendo poesia que era ao mesmo tempo visionária e blasfema. Ele conheceu o poeta Verlaine, na casa de quem morou até que a esposa de Verlaine o forçou a sair; Verlaine tinha se apaixonado por ele e continuava a ajudá-lo, apesar do escândalo que sua relação homossexual causou. Rimbaud criou caos em Paris, derrubando chapéus de padres nas ruas, agredindo verbal e fisicamente os poetas populares que Verlaine lhe apresentava, e destruindo o casamento de Verlaine. Os dois fugiram para o interior juntos, e então se mudaram para Londres para viver em total pobreza até que Rimbaud, com nojo de Verlaine, que alegava que não poderia viver sem ele, o deixou.
Desesperado, Verlaine atirou em Rimbaud, ferindo-o no pulso. A polícia veio e Verlaine foi preso por dois anos, por acusações de sodomia, não de agressão; enquanto isso Rimbaud fugiu para a fazenda de sua mãe, onde ele terminou a coleção de poemas que iria mudar a poesia e a escrita para sempre. Então, aos dezoito anos de idade, Rimbaud abandonou sua caneta e anunciou que estava de saco cheio de ser poeta. Ele aprendeu quatro outras línguas (alemão, árabe, russo e hindu ― ele já sabia francês, inglês e latim, entre outras) e saiu a viajar: ele atravessou os Alpes a pé, se juntou ao exército colonial holandês e desertou nas Índias, se juntou a um circo Alemão que fazia turnê na Escandinávia, visitou o Egito, e trabalhou no Chipre. Durante todas essas aventuras ele contraiu sérias doenças e problemas de saúde, mas ele nunca deixou isso o atrapalhar. Quando tinha vinte e nove anos, ele se tornou o primeiro homem branco a viajar pela região de Ogaden na Etiópia, e seu relato (publicado nas atas da Sociedade Geográfica) atraiu o interesse de círculos acadêmicos.
Rimbaud logo se mudou para a Etiópia como contrabandista de armas, e se tornou íntimo de pessoas lá, vivendo com uma mulher nativa e tornando-se amigo do rei etíope. Ele recebeu uma carta de uma famosa revista francesa de poesia, implorando para que ele voltasse para liderar o novo movimento literário que havia surgido em torno de seus escritos, mas não se deu ao trabalho de responder. Ele não voltou à Europa até que tivesse desenvolvido um tumor no seu joelho direito, que o forçou a viajar, carregado em uma maca, os milhares de quilômetros de volta à França. Lá, sua perna foi amputada, e ele definhou aos cuidados de sua mãe e irmã cristãs até que, à beira da morte, cansado além dos limites de seu amor pela vida e pela verdade, ele se confessou a um padre ― antes de falecer aos trinta e seis anos de idade.
Rimbaud sabia que era melhor não guardar nenhuma parte de si para o túmulo: ele gastou todos os recursos que ele tinha neste mundo até o último centavo ― gastou dinheiro, saúde, amigos, família, sanidade, jogados como combustível para a fogueira ― para que quando a Morte viesse para levá-lo ele não tivesse nada, nem mesmo um homem com seu orgulho ou bom senso intacto. Sua vida ainda serve como exemplo para todos nós.