A Vanguarda da Revolução Sexual
- Força Tarefa CrimethInc 69
- Dias de Guerra, Noites de Amor
- CrimethInc
Um comitê com esse propósito, formado por todas pessoas que num dado momento estejam fazendo sexo e que o estendam aos seus horizontes pessoais, que seja socialmente proibido, ou aconteça em espaço público. Em geral são jovens amantes arrebatados, de vida despreocupada ― tipos artistas, e homens e mulheres de todas as idades entrando em inesperados casos amorosos; adolescentes punheteiros que vivem com suas famílias são considerados membros honorários. “Libertinos” metidos a conquistadores são excluídos por princípio, é claro. Aqui está o manifesto V.R.S., escrito por Nadia C. numa noite na biblioteca, quando ela não transava por perturbantes três dias... ou talvez numa manhã de natal, após uma noite de sexo apaixonado com uma mulher que ela desejava há anos.
- O mundo precisa de seus (a)braços fortes!
Só porque acabamos conseguindo muito pouco sexo honesto, íntimo e lindamente perigoso é que eles conseguem nos vender imagens insípidas dele. É justamente porque passamos muito mais tempo contemplando essas representações que fazendo sexo que quando finalmente dormimos juntos, é mais um encontro de personagens que de indivíduos – e não são nem ao menos atuações satisfatórias. Porque o mais radical de nós ainda prefere falar caprichosamente da revolução total a ousar um momento de verdadeira experimentação num assunto que realmente importe: nossas camas. Porque enquanto nossas sexualidades forem construídas pela mídia do silêncio e pela cultura da violência, cada um de nós é um Cavalo de Tróia que leva nossos inimigos (os valores de submissão e dominação, a paralisia do medo e da vergonha) aonde quer que formos.
É hora de pararmos de ser espectadores e começarmos a ser agentes, de retomarmos os nossos desejos convertendo nossas vidas sexuais da recreação passiva para a re-criação ativa. E, para fazer isso, devemos primeiro trocar as representações do sexo na nossa vida e em toda nossa volta por sexo de verdade.
Estamos em número maior que você imagina. Você é um de nós toda vez que transforma um espaço “público” – não ao “privatizá-lo” [ele já está privado de qualquer coisa pessoal, e daí a ironia de que o “público” é atualmente o menos público dos espaços] mas ao fazer dele um verdadeiro espaço para as pessoas, fazendo nele algo que verdadeiramente transmita libertação... por exemplo, foder (no telhado de um posto policial, na praia junto às pedras bem abaixo da janela do museu de arte, etc.). Não que o sexo em público seja sempre, por si só, sexo revolucionário, mas tal sexo é sempre revolucionário no que leva o fazer-amor para fora dos confins estreitos no qual é permitido – isto é, no qual é permitido que ele definhe, preso e despido da espontaneidade que é seu sangue vital, assim como nós definhamos com o resto do mundo sem ele.
Eles nos reconhecerão pela inocência de nossos sorrisos culpados, de mãos dadas enquanto caminhamos à noite nos parques: transformados e transcendentes, altivos e desinibidos neste mundo seco e sem sonhos – pelos preservativos usados (* e **) deixados nas salas de aula das universidades e nos banheiros dos escritórios – pelos crescentes números de mulheres que sabem exatamente o que querem e por homens que não tem medo de se tocarem. Nós seremos a faísca que incendiará a nova revolução sexual: exércitos de amantes deixando as suas responsabilidades de lado e unindo-se com outros para lutar contra o triste sufocamento deste mundo. Para rebater o hino skinhead de homofobia e intolerância de volta para eles, nós nos negamos “a ficar no armário porque lá é seguro” – justamente por essa razão! Como aprendemos com o tempo e nesta luta, nossa única segurança está no perigo.
Amantes do mundo, uni-vos – vocês nada têm a perder a não ser suas vergonhas, e um mundo de prazeres para conquistar!
- - ...contudo, é relevante ressaltar que a maioria dos métodos contraceptivos utilizados em nossa cultura hoje estão muito longe de serem radicais ou libertadores. Outro aspecto da produtificação das nossas vidas em geral e da sexualidade em particular é que nós devemos comprar um produto para tudo, mesmo para as nossas atividades mais pessoais e naturais, como o sexo... provavelmente ainda é um produto químico que fode com nossos corpos numa centena de maneiras assustadoras. Olhe em volta e você verá que existem alternativas... não só para os métodos contraceptivos disponíveis no mercado, mas também para as maneiras tradicionais de se fazer amor e de ser sexual que a cultura vigente nos oferece.
- - É claro que há aqueles que lerão todo este manifesto como uma apologia à desordem, baseados na extravagância dessa simples frase... para algo tão deprimente posso apenas responder com um alegre FODAM-SE!”