As ruas são suas, ocupem-as!!!

De Protopia
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Multidão


Longe de ter a pretensão de dizer “como devemos nos manifestar” esse escrito pretende debater algumas questões sobre manifestações.

Algo necessário para iniciar esse debate é a compreensão do estado das coisas. Sabemos que tanto na Europa como aqui no Brasil ergue-se uma frente conservadora. De lá, as políticas xenófobas de intervenção estatal para solapar direitos trabalhistas e salvar os bancos. Aqui, as mudanças no código florestal, os processos de revitalização do centro do Rio e a militarização da questão urbana (UPP´s). Além disso, instaura-se um processo de remoção de diversas famílias e comunidades. A transcarioca (via que ligará o Galeão à Barra da Tijuca. Está em construção em função das Olimpíadas) já desalojou mais de 300 famílias e esse número chegará à 3 mil.


Como fazer frente à isso tudo?

Durante o fim do século XIX e início do século XX os trabalhadores, conseguiram organizar-se sob métodos realmente libertários e autogestionários, com um caráter combativo, o que se mostrou extremamente eficaz na conquista de direitos e das demandas operárias. Por uma série de motivos, o caráter combativo e autogestionário dessa luta, bem como seus espaços (Sindicatos, associações operárias...) se perderam, tornando-se reformistas e legalistas. Então, os sindicatos, atualmente, e os partidos políticos, eternamente, são espaços dos quais a população passa longe e onde é predominante o reformismo, que tenta tapar o sol com uma peneira, fugindo das demandas reais. Sabemos que a reforma é elaborada por pessoas que se pretendem representativas e que têm como ocupação falar pelos outros, em nome dos outros, sem nunca levar em consideração as verdaderias demanda dos outros, é uma manobra de manutenção do poder em troca das migalhas.

Mas algo dessa movimentação no início do século XX pode nos dizer algo sobre manifestações hoje.

Os trabalhadores e trabalhadoras iam para as ruas e paravam a cidade, não apenas como uma demonstração de sua insatisfação, mas uma forma de pressionar o poder político. Ou seja, incomodar. Ruas eram fechadas, barricadas construídas e cantos em uníssono liberados. Devemos lembrar que a partir daí, o movimento dos trabalhadores e trabalhadoras deve seus sucessos a repetidos e deliberados atos “criminosos” – atos que agora encaramos como heróica desobediência civil.

Uma marcha que pretendendo caracterizar-se como uma “marcha pela liberdade” fica na calçada e se mantem assim por ordens superiores, está deixando essas estratégias eficazes e essa memória de lado. Assim como deixando de lado o histórico de violência policial instaurado no Brasil. Aquele policial que sorri pra você é aquele que bate em sem-tetos ocupantes de um imóvel público abandonado. Além disso, está respeitando o sistema de transporte que mais afeta nossas vidas e afeta o meio ambiente. O sistema de transporte do automóvel. Umas das justificativas utilizadas para não fechar as ruas é a de não incomodar a população.Logo, o argumento é: para que ela fique do nosso lado,deixamos a pista livre pra quem volta do trabalho. Mas é exatamente também pra quem volta do trabalho que a manifestação está ali. Logo, precisamos dessa pessoa ali do nosso lado, não passando velozmente por nós dentro de um carro ou um onibus, para chegar em sua casa poder assistir tv, comer, dormir e acordar para outro dia de trabalhado. Por isso, existem alguns motivos importantes para que manifestações fechem a rua inteira:

Quando fechamos a rua inteira, garantimos a segurança d@s manifestantes, já que motoristas apressados passam ao lado da marcha em alta velocidade e por vezes podem feri-l@s.

Quando fechamos as ruas, mostramos ás autoridades, burocratas e empresários que estamos dispost@s a tomar ações drásticas em defesa de nossas causas. Mostramos que somos determinad@s e que vamos até as ultimas consequências na defesa de uma sociedade mais libertária e anti-autoritária.

Quando fechamos a rua inteira, chamamos a atenção da população para nossa causa. O incômodo que geramos nas autoridades e nas grandes corporações são uma das poucas maneiras que temos da população e da mídia corporativa burguesa prestar atenção nas nossas causas. E para os legalistas-reformistas que afirmam que essas ações são “danosas”, afirmamos que elas são apenas cosquinhas se comparadas com os 40.000 indígenas desalojados pela Belo Monte, por exemplo.

As manifestações não são só demonstrações, são formas de fazer pressão. E temos de construir formas de pressão que sejam eficazes. Mas o legalismo e o reformismo, definitivamente não se encontram nesse quadro, e devem ser excluídos de nossa prática, se de fato, queremos lutar por uma sociedade anti-autoritária e libertária.

Por isso, pelos índios e índias, pelas nossas matas e florestas e animais que nelas vivem, pel@s homossexuais vítimas da homofobia, pelas mulheres vítimas do patriarcado e do machismo, pelos sem-tetos e moradores de favela vítima da Brutalidade Policial, bradamos ferozmente: OCUPEM AS RUAS, RADICALIZEM A LUTA!!!



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