Distribuição, Bancas e Infolojas

De Protopia
Ir para navegação Ir para pesquisar
Receitas Para o Desastre
CrimethInc


Instruções

Uma receita para Dentes-de-leão
Um sopro de ar espalhará as sementes.
Um gramado bem aparado se tornará um leito de ervas.


Plante em Terra Fértil

Antes de tudo: pergunte a si mesmo com quem você quer entrar em contato. Todo mundo? Estudantes do ensino médio? Possíveis aliados políticos/sociais? Uma cena musical? Pessoas como a sua avó? Vá a locais onde essas pessoas estão. Essas pessoas caminham? Coloque cartazes em postes de luz. Essas pessoas dirigem? Coloque adesivos nas paredes de banheiros de postos de gasolina. Tentando organizar uma Massa Crítica (veja Bicicletadas)? Por que não deixar bilhetes nas bicicletas estacionadas pela cidade?


Se você só colocar panfletos na faculdade local e na loja de discos, é provável que você só atinja um determinado perfil de pessoas. Se este é o seu objetivo, ótimo. Mas se você quer envolver pessoas de fora do seu círculo de relações, você precisa se esforçar, não apenas cruzar os dedos. Deixe material informativo em agências de emprego. Na rodoviária. No centro de planejamento familiar. Nos trocadores de lojas de departamentos. Dentro de jornais. Cabines telefônicas. Burger King. Sim, podem jogar fora. Mas alguém terá que interagir com a sua oferta antes disto. Para melhores resultados, adapte a linguagem e o formato do seu material para o contexto e para os leitores desejados.


Não esqueça de consultórios médicos e odontológicos, bem como salões de beleza, saguões de bancos e oficinas mecânicas. As pessoas gostam de ler algo enquanto esperam, e pode bem ser o seu zine em vez da Caras. É claro, se você tiver um bom motivo para entrar em um local desses e colocá-los na pilha, disfarçadamente, é provável que fique mais tempo do que se você entrar, colocá-los e sair. Afinal, pode conter Antrax.


Você pode começar um grupo de discussões com amigos para conseguir tirar mais de qualquer coisa que você possa ler ou pensar a respeito; você pode achar mais fácil aprender e expressar os seus pensamentos neste ambiente do que no tradicional padrão de salas de aula.


Nós organizamos um festival de filmes em Olympia e um dos três dias consistia somente de atividades grátis. Filmes grátis, oficinas grátis, comida grátis. Um de nós foi para o abrigo e refeitório do sopão e se certificou de que todos lá soubessem que estavam convidados. Eu levei panfletos a todo lugar que eu ia. "Sim, eu te dou um trocado — e, a propósito, venha assistir estes filmes grátis."


Você pode divulgar em becos, paradas de ônibus e embaixo de pontes. Quando Benjamin decidiu criar uma versão punk para Sonho de Uma Noite de Verão, ele colocou a chamada em todas as lixeiras. Eles tocaram no dia 1º de maio e o resultado foi fenomenal.


Para mais informações, veja: Grafite, Estêncil, Lambe-lambe, Adesivos, Mosaicos no Asfalto, etc.


Adicione uma Colher de Sopa de Fertilizante

Você está em uma livraria. Você vai levar o livro que o seu amigo lhe disse que era muito bom, ou o que você viu no anúncio? A interação humana é simplesmente mais memorável do que uma distante mensagem impressa. Se for preciso escolher onde investir a sua energia, faça centenas de fotocópias ao invés de um milhão e fale com todas as pessoas que puder. Uma abordagem comum é ir a eventos que têm algo em comum com a sua ideia, onde as pessoas provavelmente se interessarão pela sua música/arte/causa/revolução, e faça uma banquinha.


Fazer bancas é simples: leve algum material de leitura e/ou outros materiais a um lugar público e disponha-o sobre uma mesa, cobertor, etc. Faça isso em shows de punk, refeições do Comida Não-Bombas, shows de hip-hop, mostras de documentários libertários ou de filmes de ação que esperam lucrar com a revolta alheia, em palestras de políticos, autores e artistas de esquerda, mostras de armas, comícios políticos, reuniões dançantes, feiras de rua, convenções de ficção científica, de quadrinhos e de tecnologia, conferências de ativistas, lanchonetes de universidades, no parque em um dia de sol. Se você souber que eles não vão lhe dar permissão (ou entrada grátis) para montar uma banca, aja como se você estivesse fazendo algo oficial e entre sem fazer perguntas e sem dar respostas (exceto talvez: "ah, eu? Eu vim aqui para cuidar da banca"); se eles não deixarem você armar uma banca do lado de dentro, faça-o do lado de fora.


Se você puder alugar fitas de vídeo sob uma identidade falsa, grave os seus próprios trailers de filmes libertários, anunciando aventuras que podem acontecer na vida real; se isto falhar, use um imã poderoso para apagar fitas de vídeo expostas em videolocadoras corporativas que o mereçam.


É um gesto de boa fé, e uma demonstração dos princípios econômicos anarquistas, oferecer pelo menos alguma, se não a maior parte, das suas coisas de graça, então esforce-se para conseguir uma fonte de materiais ou fotocópias grátis: arranje um amigo de furtos em uma loja de fotocópias ou arranje um emprego você mesmo em uma, relate erroneamente o número de cópias que você fez ou viole o sistema eletrônico contador de cópias, encomende uma grande pilha de panfletos grátis de algum coletivo libertário furioso (dica,dica). Você também pode vender coisas com uma tabela progressiva de acordo com os recursos de cada indivíduo. Coloque um pote de doações — você se surpreenderá com a iniciativa das pessoas em doar o que podem, quando descobrem que você não está tentando ter lucro. Em alguns eventos, só as doações podem ser o suficiente para pagar o dinheiro da gasolina, mesmo que você viaje uma grande distância. Livrarias móveis anarquistas tiveram sucesso em cruzar os E.U.A., compartilhando literatura em todo lugar que iam, só com o dinheiro de doações e da venda de livros.


Você pode tirar a tinta do carimbo de alguns selos com álcool. Melhor ainda, cubra os selos com uma fina camada de sabão ou cola solúvel em água antes de postar; o destinatário poderá lavar o sabão ou cola, junto com o carimbo.


Considere a possibilidade de esticar uma faixa ou algo similar perto da sua banca para aumentar a sua visibilidade e incrementar o clima; você também pode desenvolver peças de teatro ou circo para atrair a atenção. Não seja tímido sobre o que você está fazendo, nem use eufemismos — isso só atiça a suspeita das pessoas. Ficar gritando "Propaganda subversiva! Literatura provocante! Coisas perigosas aqui, pessoal — protejam seus filhos da ameaça anarquista!" irá cativar as pessoas que estão em cima do muro, se você fizer do jeito certo — eles apreciarão o seu bom humor e exagero, e irão querer provar para você que eles não são tão velhos e certinhos a ponto de terem medo de flertar com os extremos. Você ficará surpreso com a grande variedade de pessoas que virão até você dizendo que eles são os anarquistas perigosos, não você.


Se a sua mão já está doendo de ficar colando adesivos com balões de fala em todas as cédulas de dinheiro que passam pela sua mão, mande fazer um carimbo; se você trabalhar como caixa ou conhece alguém que trabalha, você pode fazer isto com muito dinheiro.


Elabore um sistema para expor o seu material que ofereça acesso fácil a um bom número de pessoas de uma vez e também proteja os materiais mais frágeis até que eles encontrem bons lares; você pode até mesmo armar a caçamba de uma caminhonete como uma infoloja sobre rodas. Para longas turnês, durante as quais caixas de papelão amassariam e se encharcariam (note que, quando as caixas começam a se esvaziar de produtos, elas ficam cada vez mais frágeis), você pode armazenar tudo em caixas plásticas. Se possível, leve as suas próprias mesas, cadeiras dobráveis, carrinho de mão, lona em caso de chuva, e pesos de papel ou elásticos para que você não tenha que sair correndo atrás de pedras na frente da polícia na próxima manifestação em um dia ventoso.


Para ganhar um dinheiro extra para a gasolina, você pode colocar uma placa, onde se leia "massagem — de graça ou por doações". Contanto que você seja extrovertido, isto pode realmente ajudar a quebrar o gelo, sem mencionar que pode pagar as suas despesas de viagem.


Além de cartazes e panfletos xerocados, existem milhões de outras coisas que você pode oferecer em bancas: patches serigrafados, comida grátis (como uma filial do grupo local de Comida Não-bombas, uma estratégia para diminuir as vendas da loja corporativa de sanduíches ao lado, uma válvula de escape para os excessos da lixeira, ou só pra oferecer mesmo), substitutos saudáveis para absorventes femininos, vídeo-documentários, roupas modificadas em casa que aparentam ser normais mas podem ser convertidas rapidamente em vestuário para um bloco negro e vice-versa, pequenos produtos furtados, itens (como marcadores permanentes para grafite) úteis para pequenos delitos. Um circo itinerante anarquista lucrou centenas de dólares para financiar seus outros projetos roubando quantidades enormes de livros vagamente libertários e vendendo-os a preços baixos. Uma banca para encorajar o grafite pode fornecer canetas de tinta, tinta spray, luvas e frascos de fluido para escrever em vidro, estêncil e adesivos feitos em casa para jovens. Uma banca anarquista em uma manifestação liberal contra a guerra pode distribuir cartazes utilizando o humor para forçar uma posição mais radical.


Você pode guardar os envelopes que possuem o selo de "pago pelo destinatário" que vêem com a mala direta e enviá-los de volta cheios de mais propaganda — ou, melhor ainda, com cartas de amor destinadas a quem abrí-los, implorando-lhes que vão atrás de uma vida melhor.


Quando se trata da questão de se vale a pena ou não, sempre erre pro lado de armar uma banca, a não ser que você tenha algo melhor pra fazer. Mesmo que no final das contas o evento tenha a presença somente de Jovens Republicanos, e ninguém leve nada do que você levou, é sempre importante que estejamos visíveis como pessoas anarquistas/queers/criativas. Isso faz com que seja mais difícil para nossos inimigos negar a nossa existência, que é a sua arma mais poderosa contra nós; e também, quer ou não conquistemos algum "convertido" para "a causa", um objetivo de valor questionável na melhor das hipóteses, é importante que as pessoas tenham uma ideia básica do que queremos e do que estamos fazendo. Pode ser preciso que eles lhe vejam várias vezes até reunirem a coragem de interagir com você.


Adicione uma Pitada de Curiosidade!

Há muito tempo atrás, meu livro favorito era um manual com técnicas de espionagem. Eu ansiava por encontrar mensagens em garrafas deixadas em fontes ou lagos artificiais e rolinhos de papel dentro de rachaduras em muros de tijolos.


Vamos pular dez anos. Na noite anterior ao início das aulas da Faculdade Estadual de Evergreen, nós entramos nas salas de aula e colamos, com fita adesiva, recados provocantes sob as classes, deixando um canto solto para que o papel raspasse na perna de alguém. Nós colamos algumas atrás de máquinas de doces e refrigerantes e outras dentro de nossos livros favoritos na biblioteca, sonhando com a ideia de que poderiam-se passar até três anos antes que alguém os encontrasse.


Você pode ir a bares de karaokê e cantar a sua própria versão das letras de músicas populares para difundir notícias ou ideias em ambientes inesperados.


O que você faria se encontrasse uma mensagem secreta? Uma apaixonada carta de amor? Você a descartaria imediatamente ou a estudaria com atenção? Você ficaria imaginando a quem teria sido ela endereçada? Você se daria conta que ela era endereçada para você? Você iria até os trilhos do trem à meia-noite de sexta-feira só para ver quem está lá? Às vezes os sonhadores não podem evitar...


Pinte um belo mural ou escreva um manifesto incendiário em um local isolado, e desenhe mapas que levem até ele em cabines telefônicas e banheiros. Ligue para todos os números comerciais da lista telefônica e envolva os empregados que o atenderem em conversas sobre o que realmente importa na vida. Coloque anúncios pessoais no jornal local: "O capitalismo está sugando a sua vida? BiWF, 27, não-monógamo, procura amantes da vida e da liberdade para formar uma organização revolucionária. Somente quem quiser brincar com seriedade deve entrar em contato."

Agora Espalhe as Sementes no Vento

Nas calmarias entre organizar bancas, distribuir panfletos e enterrar tesouros para os curiosos, você também pode distribuir por encomenda postal. Quando você já tiver reunido uma boa variedade de material, compile um catálogo incluindo os preços ou doações sugeridas para cobrir os custos de produção e postagem; tire fotocópias e envie em pacotes, coloque na internet, anuncie em jornais e revistas. Aprenda como usar as formas mais baratas de envio de pacotes tanto para o país como para o exterior e memorize o palavreado dos regulamentos dos correios para que você possa rapidamente dar a impressão de que conhece e obedece o sistema a qualquer trabalhador dos correios. Acima de tudo, fique amigo de todo mundo na agência local dos correios.


Se você produz o seu próprio material, mande cópias de tudo para críticos e outras revistas, e para outros distribuidores que possam querer ajudar a espalhá-los. Contate outras editoras para conselhos sobre impressoras e locais de distribuição.

...E Crie Raízes

Para uma organização e divulgação de longo prazo, ajuda muito ter um centro comunitário de recursos como principal foco e área de atuação. Estes centros são muitas vezes chamados de infolojas. Uma infoloja pode oferecer literatura de graça; livros, música e outros materiais para vender; uma biblioteca e arquivo de livros, periódicos e vídeos públicos; um laboratório de informática comunitário; um espaço para reuniões, performances e mostras de filmes; um calendário de eventos públicos; uma "loja grátis" na qual o excesso de recursos é compartilhado... os únicos limites são espaço e voluntários.


Você pode organizar oficinas para compartilhar habilidades, trocando conhecimento em suas áreas de competência com outros fora das assim chamadas instituições educativas.


Isto é, estes deveriam ser os únicos limites. Problemas com proprietários, fundos, zoneamento e licenças municipais geralmente incomodam um infoshop durante toda a sua trajetória. Se os recursos financeiros puderem ser levantados de alguma forma, é preferível comprar um espaço ao invés de alugar um, para não estar à mercê de um proprietário; antes de escolher um, tenha certeza que ele se encontra em uma área da cidade adequada para os propósitos que vocês têm em mente e que os vizinhos são amigáveis aos seus planos. A gentrificação é um problema comum — é sempre melhor que as pessoas que irão abrir um espaço tenham muito em comum tanto culturalmente quanto economicamente com as pessoas que vivem ao redor dele; se este não for o caso, procure colaborar com grupos locais desde o começo, e trabalhe duro para prover às necessidades locais sem ser evangélico a respeito.


Você pode montar a sua própria biblioteca, tornando todos os livros, revistas, livros e vídeos que você e seus amigos possuem acessíveis a todos, para que ninguém mais tenha que comprar as suas próprias cópias. Sempre que uma banda vier à sua cidade tocar, fique com uma parte do dinheiro dos ingressos para comprar uma cópia do seu disco para ser compartilhado pela comunidade.


Para levantar fundos, você pode organizar shows beneficentes, solicitar doações de pessoas mais ricas, até mesmo vender títulos de sócio da comunidade. Por falar em finanças e outros recursos — como em todos os empreendimentos do tipo faça-você-mesmo, tenha cuidado para não ir além das suas capacidades. Uma infoloja pode ajudar a unir uma comunidade, mas a comunidade já tem que estar lá de alguma forma para apoiar o infoshop. Não assuma o exaustivo projeto de arranjar um espaço permanente até que hajam bastante pessoas envolvidas e empolgação o suficiente para impulsionar o projeto além das dificuldades iniciais até chegar no ritmo do dia-a-dia de mantê-lo funcionando. Certifique-se de que pelo menos alguns dos organizadores estejam envolvidos a longo prazo; ao mesmo tempo, sempre procure sangue novo para deixar as coisas frescas, e fique flexível o suficiente para prover novos recursos e servir novos papéis de acordo com alterações nos contextos e necessidades da comunidade.


O fundamental é fazer com que as pessoas passem tempo dentro do espaço — e então ajudá-las a se sentirem confortáveis para tomar a dianteira na sua utilização. Sirva refrescos e petiscos grátis, torne o seu lugar em um centro social pelo qual as pessoas passarão para ver os amigos e ficar um pouco; certifique-se de que nenhum grupo demográfico monopolize o espaço, para que as pessoas de diferentes círculos sociais sintam-se bem-vindas.

Relato

Nós fomos convidados por um coletivo anarquista rival a viajar por centenas de quilômetros até o litoral de Boston para o festival Wake Up the Earth (Acorde a Terra), um evento para toda a família que durava o dia todo no qual eles haviam reservado espaço para bancas. Nós trouxemos o nosso A-na-bola voador com envergadura de sete metros e o instalamos sobre a grama em frente à nossa banca para avisar da nossa presença. A nossa banca era ao lado da tenda do Comida Não Bombas, entre as outras bancas políticas (os Socialistas, Democratas, candidatos independentes e outros sanguessugas) e o resto das bancas — a maioria pequenos capitalistas lucrando com comida e artesanato. Ajudou bastante o fato deste festival já ter uma proposta liberal, eco-amigável; ao mesmo tempo, era ruim que fôssemos de fora da cidade, já que assim não poderíamos conectar as pessoas às redes locais, a não ser através de contatos.


Nós penduramos cópias dos nossos cartazes dos lados da nossa banca e cobrimos ela com pilhas de jornais e caixas de panfletos e cartazes armazenados verticalmente. Um de nós oferecia biscoitos da sorte aos passantes; eram biscoitos veganos com gotas de chocolate embrulhados em tiras de papel xerocado. Eu ouvi um pai lendo para o seu filho a sua sorte enquanto iam embora: "No próximo Natal, vista-se como Papai Noel e dê brinquedos de graça das prateleiras de uma loja... de departamentos... corporativa. Hmpf."


Nós trouxemos três piñatas feitas de papelão e papel machê para dar mais clima ao evento: uma caixa preta com janelas gradeadas onde lia-se "Complexo Prisional Industrial" em três lados, um gato gordo capitalista rosnando e um grande e feio porco com "brutalidade policial" rabiscado dos lados — nós evitamos fazer bonecos em forma humana, para parecermos bons rapazes para pais dedicados como o que eu recém mencionei. Todos estavam recheados com doces veganos roubados, e o gato gordo também estava recheado com cédulas falsas de dólar com pequenos slogans anticapitalistas impressos nelas. Assim que o parque encheu de pessoas, nós jogamos uma corda sobre o galho da árvore mais próxima e içamos o Complexo Prisional Industrial. Para a nossa surpresa, um pequeno grupo de crianças logo se formou ao nosso redor: "O que é isso?" "Uma piniata". "Uma o que?" "Piniada". "Ah, uma piñata!", uma pequena menina de pele marrom falou, pronunciando-o corretamente para nós brancos. "Podemos quebrá-la? Podemos bater nela?"


A maioria dos punks e anarquistas na área se reuniram na frente da nossa banca sob o nosso grande A-na-bola, e agora uma pequena corporação começou a bater um ritmo em seus tambores para criar mais empolgação. Eu mostrei uma venda: "Quem quer ser o primeiro?" "Eu! Eu!" Agora havia um pequeno exército de crianças fervilhando à nossa volta, puxando o taco de beisebol na minha mão. Eu escolhi a menor delas, fiz ela girar em círculos, e dei lhe três tentativas de bater com o taco na caixa, enquanto os meus companheiros lutavam para segurar a multidão que gritava e empurrava. Foi a coisa mais parecida com um show de punk que eu já vivenciei em um parque público. Um de nós puxava e soltava a corda que suspendia a piñata, fazendo com que ela balançasse muito — de forma que muitas crianças de todos os tamanhos, e algumas de suas mães, pudessem ter a sua vez antes que ela fosse esmagada e o seu tesouro derramado na grama.


Nós esperamos uma hora antes de colocar a segunda piñata, e então outra hora antes da última, e todas foram recebidas com o mesmo entusiasmo. Todas as notas falsas de dólar com mensagens libertárias que estavam dentro do gato gordo sumiram junto com os doces, o que foi encorajador — e a atmosfera no parque foi definitivamente transformada: imagine uma multidão mista de ativistas vagabundos, estudantes universitários e pais de todas as raças olhando uma poderosa mãe negra agressivamente balançando um bastão de beisebol para acertar um porco com um chapéu de policial enquanto as suas crianças e mais ou menos uma centena de outras gritam "Acerta ele! Mata ele! Pega o porco!" no meio de uma feira de rua tranquila e consumista. Veja Bonecos para mais informações sobre como fazer isto você mesmo.


E quanto à banca, nós ficamos surpresos com quantas pessoas de diferentes círculos sociais ficaram empolgadas em vê-la, e mais empolgadas ainda em descobrirem que era tudo de graça. Nós trouxemos centenas de jornais e revistas anarquistas, panfletos para estudantes ativistas, revistas em quadrinhos piratas com comentários libertários adicionados, cartazes e adesivos sedutores, patches de punk rock, e a banca estava completamente vazia até o fim da tarde — e nós tivemos doações suficientes no jarro para pagar a nossa gasolina pra subir todo o litoral e descer de novo. Algumas noites mais tarde eu incendiei o meu cabelo enquanto tentava demonstrar o programa da piñata na minha cidade natal, mas isso é outra história.


Em sites de compartilhamento de música, você pode colocar faixas com propaganda libertária com os mesmos nomes e durações de canções populares, de forma que pessoas que procurem essas músicas para baixar possam ser expostas a algo inesperado.