Introdução (De volta para o futuro primitivo)

De Protopia
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Abordar o tema do Primitivismo ou do Anarcoprimitivismo criticamente, em um contexto em que o Anarquismo volta a estar em evidência como referência de movimentos políticos contemporâneos – desde a agroecologia até as manifestações urbanas de massa organizadas de forma descentralizada – torna-se importante como inseminador de novos debates e propostas de ação.

Para falar deste livro comecemos pelo que ele não é. Não é um livro contrário ao anarquismo anti-civilização, os autores sem nenhuma excessão reconhecem que a diversidade de pensamento dentro desta "vertente" é ampla e considerável. Mesmo o anarcoprimitivismo pode ser considerado diverso, e ainda que todo primitivista seja em algum termo adepto do anarquismo anti-civilização, o contrário não é necessariamente real.

Para além disso, é igualmente importante não só uma recuperação das referências do primitivismo, mas também das bases antropológicas que influenciaram este pensamento. Afinal um dos focos desta coletânea é uma revisão do recorte que o primitivismo faz do vasto material produzidos pela antropologia. Muitas vezes toma-se por verdade atemporal e universal conceitos sobre “natureza” e “cultura” humanas que os próprios povos, ditos outrora “primitivos”, não reconhecem como seus.

Este livro trás também textos que partem de outros campos do conhecimento – filosofia, tecnologia etc. - em suas abordagens dos temas do primitivismo e da anarquia, assumindo diversas posições que não são necessariamente convergentes, mas contribuem com a ampliação do diálogo sobre o tema.

Esperamos que esta conversa supere o bla bla bla literário, muitas vezes criticado pelos próprios primitivistas como uma forma de “simbolismo”. Assim , o simbolismo manifestará o seu caráter mais fundamental, tomando corpo na prática em toda sua multiplicidadade.

Guilherme Falleiros e Gustavo Pradella