O Unabomber

De Protopia
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CrimethInc
(Original em Inglês)


O Unabomber:

Um Herói Para o Nosso Tempo

Quiz Pop: do que se chama, quando uma das mais finas mentes de uma geração escolhe algumas pessoas que são pessoalmente envolvidas com a destruição do meio ambiente (um lobista da indústria da madeira) ou na da atenção e capacidade de raciocínio de dezenas de milhares de Americanos (um executivo de publicidade) e os matam ou os mutilam na busca de encontrar uma voz para as suas preocupações sobre questões sociais . . . preocupações que, caso contrário, seriam ouvidas só por alguns poucos? Claramente, isto é assassinato.

E do que se chama quando uma nação bárbaros obesos e funcionários mal pagos, de intelectuais preguiçosos desempregados de classe média e donas de casa educadas por talk-shows, de covardes gerentes de fast-foods e garotas racistas do grêmio, conspira para executar seu assassinato em nome da proteção do glorioso status quo dos seus óbvios “ataques a bomba malucos” ? A pena de morte. E certamente aplicada, também, em defesa do direito dos evidentes desmatadores de florestas e mentirosos profissionais para continuarem submetendo nosso mundo a suas visões, sem o perigo de serem incomodados por aqueles que preferem florestas de pau-brasil a mercados e sonetos de slogans de detergentes.

Sério, e a retórica à parte, qual a diferença entre as duas situações? Em um caso, uma única pessoa avalia sua situação e decide-se sobre um curso de ação que ele acha certo. No outro caso, milhões de pessoas, que não estão acostumadas a formar suas mentes por si mesmas, sentem-se, todas juntas, fortes o bastante para atacar cegamente uma pessoa que não permanece dentro dos limites deles de comportamento aceitável.

Agora, nosso moderado e razoável leitor, sem dúvida, gostaria de alegar que não é o medo do indivíduo autônomo que incita o clamor contra este terrorista, mas a indignação moral—por ele ter tirado vidas “inocentes” na sua busca por ter suas ideias ouvidas, e isto é errado em qualquer situação.

Mas a sua nação de imbecis mesquinhos não ficam regularmente indignados com vidas inocentes tiradas; enquanto isso se encaixa dentro dos parâmetros do status quo, eles não se importam mesmo.

Quantas pessoas mais que o Unabomber, as empresas de tabaco mutilaram e mataram, usando da propaganda para os viciar em uma idade muito jovem e desinformada em uma droga extremamente prejudicial? E as empresas que anunciam e vendem cachaça em bairros pobres cheios de alcoólatras? Quantos cidadãos do terceiro mundo sofreram e morreram nas mãos de governos apoiados por corporações como a Pepsi Co., ou até mesmo o próprio governo dos EUA? E quanto da vida animal é destruída impensadamente todo ano, todo dia em campos de morte em factory farms . . . ou na destruição ecológica interposto por tais companhias como a Exxon (nosso leitor se lembrará de Valdez) ou McDonalds (um dos mais conhecidos destruidores de florestas)? Ninguém está particularmente preocupado com esses abusos de vidas “inocentes”.

E de fato, é difícil estar, para aqueles que estão institucionalizados no âmbito do sistema social e econômico . . . “normal”. Além disso, é difícil descobrir quem exatamente é responsável por elas, pois eles são os resultados do funcionamento das burocracias complicadas.

Por outro lado, quando uma pessoa tenta fazer suas críticas destes sistemas destrutivos serem ouvidas somente por meios realmente efetivos, é fácil pegá-lo e o enforca-lo. E nossa indignação hipócrita sobre seus erros em relação aos de nossas próprias instituições sociais mostra que é a sua capacidade de agir sobre suas próprias conclusões que realmente nos choca e nos assusta, mais do que tudo.

Nosso medo do Unabomber como um indivíduo agindo livremente se mostra nas tentativas que nossa media fez para demoniza-lo. Detalhes da sua vida, como suas realizações acadêmicas e sua capacidade Thoreauana de viver auto suficientemente, que normalmente causaria louvores são agora usados para demonstrar que ele é uma aberração mal ajustada. Aleatórios e não importantes detalhes da sua vida, similares a quaisquer detalhes de nossas vidas, como amores fracassados e doenças na infância são usados para explicar seu “comportamento insano”. Falando assim, a imprensa sugere que não há dúvida que suas ações eram o resultado de insanidade, afastando-se no terror da própria ideia de que ele poderia ser tão racional quanto eles. Jornais imprimem os mais arbitrários e desconectados trechos do seu manifesto, que eles podem combinar, e descrevem o manifesto como sendo aleatório e incoerente—eles até o descrevem como “divagações” seriamente, apesar da tão conhecida pouca atenção da mídia de hoje.

Mas não é necessário que aceitemos a típica super simplificação da mídia sobre o caso. O manifesto do Unabomber foi, como um resultado de seus esforços, publicado e amplamente distribuído. Nós podemos todos ler por nós mesmos, não só os trechos incoerentes, mas em sua totalidade e decidir por nós mesmos o que pensar sobre suas ideias.

Não fique assustado com a vontade do Unabomber para se destacar da multidão e tomar as ações que considera necessário para alcançar seus objetivos. Em uma civilização tão ferida com submissão negligente as normas sociais e regras irracionais, seu exemplo deveria ser refrescante e não apavorante; pois seus piores crimes não são piores que os nossos, em sermos cidadãos dessa nação . . .e seus grandes feitos como um indivíduo dedicado e inteligente ofuscam muito mais aquelas da maioria de nossos heróis, que são em sua maioria jogadores de basquete e os músicos pop produzidos-em-massa, em todo caso.

Pelo menos, dada a oportunidade, nós deveríamos ler o seu manifesto e chegar as nossas próprias conclusões, ao invés de permitir a imprensa e a opinião/paranoia popular decidir por nós.


Crimethinc.png   Este texto foi originalmente publicado por CrimethInc.


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