Pedagogia Libertária

De Protopia
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Carol Campagnolo


A pedagogia libertária é um modo diferente do qual o mundo está acostumado a conceber a educação.Por educação entende-se a assimilação de uma sociedade onde o valores e comportamentos regem seu funcionamento. Por tanto, a sociedade e seus modelos de funcionamento dependem da educação para se perpetuarem ao longo do tempo.

A sociedade atual predominante pretende manter certas estruturas e formas de poder, que acredito serem injustas , pois não permitem o desenvolvimento igualitário das pessoas , para forjarem uma dominação política, econômica e cultural sobre cada indivíduo. O autoritarismo se manifesta através da educação, criando pessoas dependentes, autoritárias e competitivas, que veêm as injustiças do sistema como algo natural à humanidade, assim segue-se o círculo vicioso onde se mantêm um sistema instável que sustenta desigualdades, violência, enfrentamentos e explorações.

Devemos mudar os valores regentes atuais, através da educação, apoio mútuo, solidariedade, liberadade, igualdade ético coletiva, dignidade e responsabilidade, tendo em vista sempre o bem estar e a realização integral e individual de cada ser num meio coletivo. Não devemos nos concentrar somente na idade infantil para introduzir essas idéias, ainda que seja a idade mais importante para a construção de valores, pois a sociedade, a família, o poder e os meios de comunicação não influenciaram negativamente.Esta educação deve ser uma forma de funcionamento contínuo em nossas vidas.

Há a necessidade de se criar uma comunidade justa, solidária e participativa e é por isso que essas idéias pedagógicas devem ser conduzidas por essas máximas.

A pedagogia libertária deve ser compreendida junto a um movimento complexo que engloba outras necessidades.

A educação atual existe para reproduzir relações sociais e culturais geradas pelo sistema capitalista. Baseados nos princípios da disciplina e da autoridade, fazendo com que as pessoas, desde pequenas se habituem a pensar e atuar de forma conveniente ao sistema estabelecido.

Os princípios da educação libertária são:

  • Liberdade o indivíduo:liberdade individual dentro de um meio coletivo, significa levar em contas os demais, a responsabilidade de viver em grupo.
  • Contra a autoridade:ninguém manda em ninguém, tudo se faz por compromissos assumidos à partir da decisão coletiva, sincera e aberta.
  • Autonomia do indivíduo:contra as dependências hierarquizadas e assumidas, cada indivíduo tem direitos e obrigações adquiridas voluntariamente.As pessoas enfrentam seus próprios problemas e criam suas convicções e raciocínios.
  • Co-educação de sexos e social:a educação é igual e conjunta, sem discriminação de nenhum tipo.

Para que as pessoas sejam livres e auto-geridas é preciso que cada indivíduo decida, escolha e trate aquilo que lhe interessa, sem necessitar de ordens de ninguém, sendo consciente de suas próprias limitações, que a pessoa eleja o que, como , quando e onde quer trabalhar os conceitos, atividades e atitudes necessárias para sua educação.

O auto-didatismo é algo de importância absoluta, pois permite que se aprenda por si mesmo, aquilo que se quer aprender, fomentando além de tudo a cooperação didática ao solicitar auxílio de outras pessoas.

Criação de dinâmicas de trabalho coletivo e igualitário.Acesso a cadernos de trabalho, livros e outros materiais impressos ou audiovisuais, que são escolhidos por cada um.

Além disso se conta com o apoio de outros companheiros ou de educadores que são iguais à todos, porém com mais conhecimentos e experiências educativas, mas que atuam como meros informadores e conselheiros, sem nenhum poder sobre ninguém.

Cada pessoa decide quais são seus compromissos didáticos e pessoais e do grupo, que tentaram ser cumpridos trimestralmente.Esses compromissos incluem não somente elementos intelectuais, mas também afetivos e de relação com os demais.

A auto-avaliação, com registros de observação e prova de maturidade, comprova as atitudes internas e com o grupo, além de interesses, necessidades e relações tanto intelectuais como afetivas e sociais. Rompendo com os exames como forma de repressivas e competitivas de saber como está sendo o progresso educativo.Além de tudo, se dividem entre todas as pessoas as tarefas cotidianas como limpar, recolher e/ou administrar materiais e dinheiro do coletivo, mantendo responsabilidades coerentes às suas capacidades e possibilidades etárias.

A assembléia se converte no marco para se tomar decisões do grupo sem autoritarismo, buscando a melhor solução para os problemas e onde se assumem compromissos e se auto-comprova seu cumprimento, onde se desenvolve a comunicação sincera com as demais pessoas do coletivo e onde geramos nossa participação, nossa relação com os outros, nossa crítica e nossa auto-avaliação.

Falando com liberdade nossas dúvidas, sentimentos e propostas.A assembléia se converte ao referencial de tomada de decisões, por isso é necessário um registro escrito dos pareceres e decisões, além de um sistema transparente de tomada de decisões coletivas, por consenso se possível e não por votação.

As assembléias podem ser de grupos mais pequenos para temas pontuais que afetam um número menor de pessoas ou gerais nas quais toda a coletividade participa.

Certamente essas são algumas idéias para por em prática formas libertárias de educação, o caminho é largo e contínuo, sendo muitos os problemas que tendemos a enfrentar se quisermos criar práticas pedagógicas libertárias.

Cada assembléia, cada decisão, cada discussão e cada tentativa são um passo a mais para contarmos positivamente. Se não tentarmos, não conseguiremos...


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