Saqueando a Cultura Dominante

De Protopia
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Capiboy


«Para manter o controle social as vidas dos indivíduos devem ser roubadas sempre. E no lugar da vida recebe-se a sobrevivência econômica, a tediosa existência do trabalho e da recompensa. Não podemos comprar a nossa vida de volta, nem pedi-la que seja doada de volta. As nossas vidas só serão nossas quando as roubarmos de volta, e isso significa tomar o que queremos sem pedir permissão.»
«A inteligência é uma rede distribuída, ou ela não é nada!»


Antigamente a noção de inteligência estava ligada diretamente à idéia de acumulo de conhecimento/informações, onde encontrava o suporte de livro o arauto dos grandes pensadores. Nada mais positivista e reacionário.

Hoje em dia a noção de inteligencia não está mais no âmbito da acumulação de informações/conhecimento, mas sim na capacidade que se têm de conectar uma informação à outra estabelecendo uma rede de informações que se interagem de forma não linear, ou seja, Caótica.

Essa noção já foi incorporada pela lógica sistêmica das grandes instituições que se adaptam as novas contingências de um mundo globalizado. E é claro que esse modelo de globalização está diretamente ligado a uma forma-sentido de conceber o mundo balizada nos valores da classe dominante que resumem-se nos princípios neoliberais, o mais cego fundamentalismo de hoje.

Dentro desse contexto a contracultura punk[1] nos fez experienciar outras possibilidades de criação dessa nova inteligência não atrelada às vazias instituições. Por isso que hoje a empreitada de fazer livros de forma tecnologicamente artesanal, longe do paradigma[2] das grandes indústrias hight-tech, é uma forma de conceber a inteligência como necessária nos dias de hoje que não possuem o pacto fáustico[3] com a lógica de mercado[4].

Esta guerra de guerrilha cultural é apenas uma dentre as várias formas de assalto à cultura dominante, que visa apenas vender sua nova força de trabalho, o intelecto.

Nós, os guerrilheiros culturais, somos os sujeitos deformados do sistema criados pelo próprio sistema, somos os proletários culturais que habitam os pesadelos da intelectualidade decadente, somos os sujos, os feios e mal lavados dos bancos de dados da contra-net, somos o lumpemproletariado[5] ludita[6] de uma Cultura uni-lateral elitista que agora reivindica sua liberdade não mais gritando por direitos, mas destruindo o próprio aparato que nos concebe esse direito.

Desta destruição criativa nasceu esse texto que você acabou ler. Agora você pode estabelecer suas próprias conexões anti-sistêmicas. E se assim não o for, se for apenas por ego pessoal, acumulo de conhecimento estéril, punhetagem intelectual, jogue este texto fora fora, esqueça-o ou melhor, passe-o para quem realmente fizer proveito, podendo assim surgir um novo combatente cultural em meio a essa guerra de guerrilha contra a alienação, contra VOCÊ.


Capiboy, 19 de agosto de 2010.


Referências

  1. E nisso entendo sua vertente do "faça você mesmo
  2. Pode-se dizer que paradigma significa, de forma simplificada, mas da forma que aqui quero dizer, Modelo, Visão de Mundo fechado e assim por diante.
  3. Fausto é o personagem que vende sua alma à Mefisto – o diabo. Para saber mais detalhadamente ler “Fausto” de Goethe.
  4. Falando isso me refiro à experiencias, que ainda estão se gestando, de editoras independentes, como é o caso da Deriva
  5. Lumpemproletariado, ou simplesmente lumpen é uma palavra alemã que significa, ao pé da letra, trapo ou homem trapo.
  6. O Luddismo é o nome do movimento contrário à mecanização do trabalho trazida pela Revolução Industrial. Adaptado aos dias de hoje, o termo ludita (do inglês luddite) identifica toda pessoa que se opõe à industrialização intensa ou a novas tecnologias, geralmente vinculadas ao movimento anarcoprimitivista. As reclamações contra as máquinas e a sua substituição em relação à mão-de-obra humana, já eram normais. Mas foi em 1811, na Inglaterra, que o movimento estourou, ganhando uma dimensão significativa. O nome deriva de Ned Ludd, personagem criada a fim de disseminar o ideal do movimento operário entre os trabalhadores. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os luditas ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas". Para além de histórico, este termo representa também um conceito político, usado para designar todos aqueles que se opôem ao desenvolvimento tecnológico ou industrial. Estas pessoas são também chamadas de "luddites" ou "ludditas" e o movimento social é hoje conhecido como o neo-ludismo. Um exemplo de um autor que se identifica com esta designação é o Kirkpatrick Sale, que escreveu o livro "Rebels Against the Future".



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