Todas as Estradas Nos Levam a Vagar...

De Protopia
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Espere Resistência
CrimethInc


No vôo de volta de São Paulo, um ano e meio depois, eu me tranquei no banheiro do avião, tirei minha jaqueta e minha camiseta manchadas de tinta, e me olhei no espelho. Eu vi algo refletido ali que só tinha visto antes nos olhos dos amantes mais apaixonados: as sombras e texturas da minha pele, as cicatrizes e linhas esculpidas nela falavam de uma vida de loucas apostas e extremos jamais sonhados, uma história tão comovente e emocionante como um romance. Eu era bonito ― a beleza estava incorporada em mim, o veículo de um mundo de lutas, vontades e triunfos mais incríveis do que tudo que possa caber entre as páginas de um livro. Isto foi uma grande revelação, mas eu descansava confortavelmente nela como se eu soubesse durante toda minha depressão e desespero que eu estava destinado a isto.