Um enxame de Borboletas: Uma defesa feroz do Caos na Ação Direta

De Protopia
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Curious George Brigade


Apesar dos tremendos sucessos que temos tido nos últimos anos, várias mobilizações anarquistas tem sido sequestradas por uma estridente minoria que deseja impor autorizações, rotas, desfiles de marechais (polícia de paz), zonas de ação e outras coisas sem sentido, convertendo nossa raiva e criatividade num espetáculo de mídia bem organizado, ou pior, prisão em massa. Os constantes e hipócritas chamados para a "solidariedade" e proteção de outrem tem transformado a nossa outrora rouca resistência num exercício de multidão bem organizada.

Mas nem sempre foi assim.

Há apenas alguns anos, a usina de ideias das mascotas militares da organização RAND escreveu: "Anarquistas (em Seattle, 1999) usando comunicações extremamente boas e modernas, incluindo atualizações pela Internet em tempo real, foram capazes de executar ações simultâneas por meio de táticas pulsantes e enxamistas coordenadas por "grupos de afinididade" em rede e sem líderes. Virou mais um exemplo dos desafios que organizações hierárquicas enfrentam quando se confrontam com adversários em rede com ciclos de reação mais rápidos. Esta coalizão livremente organizada, abraçando a organização em rede e as táticas, frustraram os esforços da polícia para ganhar a noção situacional necessária para combater as perturbações aparentemente caóticas em Seattle."

RAND conclui que há pouco que organizações como a polícia pode fazer para lidar com táticas tão caóticas. Além disso, eles soam o alarme de que nossos tipos de grupos facilitam a rápida evolução de táticas e promovem maiores oportunidades de recrutamento do que demonstrações tradicionais. Eles estão com medo e tem o direito de estar: nós estávamos vencendo. Felizmente, hoje, nós ainda podemos vencer.

Não ganhamos nada retornando às táticas de dez anos atrás: demonstrações roteirizadas, brandas e monótonas demonstrações de desfiles com rotas, líderes, oradores e marechais. O que precisamos é de ação criativa, descentralizada e, principalmente, caótica. Uma tática usada em Seattle e em outros lugares que utiliza caos é "pulsing" (pulsante). Pulsing é a habilidade de grupos de pessoas de se juntarem, se dispersarem para sua segurança e para se reformarem em novos grupos. Embora isto seja parecido à tática de "absorção" da guerrilha, há uma diferença importante.

A noção de Che de "absorção" é simplesmente quando "uma força ataca o inimigo por um período de tempo e então rompe o ataque sendo absorvido para dentro da comunidade ou do meio" de onde veio. Pulsing é um fluxo constante de pessoas se juntando, se separando e voltando a se juntar, frequentemente em novas combinações de grupos. A forma mais bem sucedida de fazer isto é através de grupos autônomos descentralizados (ex: grupos de afinidade) que tem o poder de tomar decisões para decidir por eles mesmos quando e com quem interagir.

RAND salienta que pulsing faz com que o controle de multidões seja muito difícil pois continua "reorganizando as ameaças" e que não há um modelo pré organizado que a polícia possa analisar e neutralizar. Esta imprevisibilidade é a pedra angular da teoria do caos.

Um exemplo biológico amado por teóricos do caos é a bactéria. A bactéria funciona em pulsações, criando modelos sempre novos de conexões. Planc, pensador do caos, escreveu "Cada modelo é orgânico e resulta de forças ao acaso no ambiente, a coleção sempre em mutação e densidade (pulsing) da bactéria faz com que suas organizações sejam muito duráveis e adaptáveis.

"Enxameação" é outra forma de injetarmos caos em nossas ações. Enxameação é a tática de atingir um número de alvos ao mesmo tempo sem seguir um modelo pré-estabelecido. A enxameação descentralizada frustra a habilidade da lei em proteger alvos e em romper nossas atividades. Eles são forçados à "reação" como contrários ao seu objetivo de "controlar a agenda dos protestos". De novo, a única forma para que isto funcione com milhares de pessoas é se organizando de uma maneira radicalmente descentralizada. Descentralizar o trabalho e as ações pelos canais de afinidade permite que as habilidades e paixões de pequenos grupos sejam utilizadas melhor, para que os grupos selecionem as ações que combinem mais com seus interesses e habilidades.

Tanto pulsing como swarming injetam o elemento crucial do caos nas demonstrações. A polícia é repelida pelo caos, como o são todas as organizações hierárquicas, e portanto são mais lentas para reagir. Estas táticas fornecem oportunidades aos grupos de afinidade que eles nunca teriam planejado: como liberar uma caçamba de lixo sem proteção ao lado do controle que pode ser transformado num bode expiatório ou encontrar uma entrada de serviço desbloqueada num hotel onde delegados da IMG estão sendo hospedados.

O caos permite que pequenas ações sejam multiplicadas e expandidas. Até mudanças iniciais podem se acumular rapidamente, criando profundas e improváveis mudanças - como uma borboleta batendo suas asas na Argentina pode causar um furacão em New York.

Não somos robôs, não somos peões de organizadores: somos uma enxame pulsante de borboletas criativas e livres. Estamos lutando por nossas vidas e dançando para ser livres.



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en:A Swarm of Butterflies: A Fierce Defense of Chaos in Direct Action